sábado, 2 de abril de 2016

12º Capítulo: Sobre o Rei


12º Capítulo.

- Um pouco antes de o Velho James partir, ele e o Rei Noyer atravessaram a pedra encantada, que nos diferenciava entre humanos e animais, para dar a mim e ao índio Itharo a missão de explicar sobre eles e também a mensagem do Rei. Nós traduzimos da forma como ele pediu no intuito de darmos ao Rei a possibilidade de falar diretamente com a sociedade como sempre foi o seu desejo.

Sobre o Rei

Olá, humanos!
Meu nome é Noyer. Sou um tigre criado em laboratório na Amazônia há mais de vinte anos por cientistas; um deles, vindo de uma comuna Francesa chamada Noyers-sur-Serein. Por esse motivo, me foi dado este nome.

Vim para este reino, que vocês chamam de Rio de Janeiro, junto com meus amigos índios, Chico, Itharo, Shaio e alguns animais, depois que esse laboratório foi fechado pela Justiça. Chico nos salvou e nos trouxe para a terra prometida. Aqui vivemos por dezoito anos próximos a vocês, mas não o suficiente para sermos vistos por todos; apenas por aqueles que enxergam além do que precisam ou do que lhes interessa.

Tornei-me o rei e governei durante muito tempo o Morro da Urca, de onde podíamos admirar o mar e os humanos que dele faziam parte. Eu, minha rainha - uma onça também criada e laboratório - e nossos amigos nascidos da mesma tecnologia da época vivemos nesse morro em profunda harmonia. Nossos filhos e nossos netos aprenderam a respeitar os iguais e os diferentes. Por esse motivo nossa sociedade tornou-se forte e única.

Durante estes últimos anos, tivemos alguns incidentes. Perdi um filho e outro desapareceu, o que nos deixou muito tristes. Mas minha rainha, que possui dons especiais, visualizou nosso filho desaparecido, Caió, em uma reserva militar. A partir desse dia, passamos a ter desejo de nos juntar ao nosso filho, mas não sabíamos como chegar a esse lugar até que José, um menino de rua, veio morar em nosso reino, trazido por um guardião - um cachorro gigante -, o Nathanael, a mando da rainha para protegê-lo  .

Nós já sabíamos que o exército andava investigando algumas movimentações no Morro da Urca e, com a chegada de José, tínhamos esperança que ele fosse encontrado. Por esse motivo, passamos a instruí-lo para que nos ajudássemos a encontrar a reserva onde Caió estava sendo protegido.

José passou um ano conosco e conheceu o outro lado da vida que ele desconhecia. Conheceu amizade, respeito, igualdade e liberdade de cada ser que morava na Floresta do Morro da Urca. Muito nos honrou sua presença, pois pudemos tirar do coração de José toda raiva que sentia dos humanos que não o protegeram e também daqueles que não o enxergavam.

Apesar de José já ter vivenciado a bondade por meio de um amigo, o Sr. José, um militar aposentado com quem fez amizade em praça próxima ao morro da Urca, levou um tempo para entender que nem todos os seres são iguais.

Para os seres, sejam eles humanos ou “animais irracionais”, como vocês nos chamam, fica difícil enxergar bondade no próximo depois de vermos e assistirmos diariamente à maldade, ao egoísmo e à indiferença.

Como já disse antes, poucos humanos nos viram. E por que apenas esses nos viram? Porque tinham olhos para ver e observar tudo o que está à volta, porque não eram egoístas para ficarem olhando só para seus interesses, porque consideraram que deveriam nos respeitar e não nos temeram.

É assim que gostaria que a sociedade dos seres chamados “racionais” fosse em sua maioria. O mundo seria bem melhor.

Depois de um ano com o menino José, recebemos pelas borboletas uma mensagem de nossa amiga e protetora, Selena Yasmaya, jornalista do sul do Brasil, que dizia que José seria resgatado por pessoas importantes para ele e para nós do reino também.

Vieram o major Alberto, biólogo do Exército, e uma assistente social muito simpática de nome Ana. Ambos, quando jovens, eram praticantes de alpinismo. E esse foi um dos motivos pelo qual eles se uniram para subir o morro, cada um com seu objetivo.

Pensamos em facilitar a vida deles, mas, como Rei e conquistador, resolvi não enviar nenhum guardião à parte baixa para ajudá-los. Quando se tem um objetivo, não importam adversidades que se encontrará pela frente. É preciso ir em frente e não desanimar.

Esperei que esses dois novos amigos chegassem até a metade do Morro e só então enviamos os guardiões Nathanael, Nico e o menino José para mostrarem-lhes a passagem secreta.

Não vou contar aqui para vocês como foi esse encontro, mas posso lhes garantir que tudo deu certo no fim. José encontrou um lar e nós fomos ao encontro de Caió.

Quis contar essa parte para vocês no intuito de que entendam quem eu sou, mas também de que descubram e reflitam quem vocês, “humanos”, são de verdade. Então, pedi a Itharo e José que traduzissem e entregassem a vós minha mensagem.

A Mensagem do Rei



Caros humanos, quem vos escreve é o Rei Noyer. Sou um tigre branco criado dentro de seu país. Sou único, igual a vós, e o último porque não tenho a genética original dos Tigres Brancos que habitam este Planeta.

Durante os anos que vivi no Morro da Urca, observei-vos de longe e fiquei me perguntando o porquê de vós vos comportareis como se fosseis os últimos da face da Terra, não vos importando com o futuro de vossos descendentes. Preocupa-me o fato de os humanos não pensarem em futuro melhor para seu Reino nem para o Planeta que habitam. Ignorais a mensagem da Natureza; ignorais a mensagem dos animais; prendeis pássaros em gaiolas, colocais nossos irmãos em jaulas para serem apreciados e insultados em zoológicos. Comprais e adotais cachorros, implorais por seu amor e, depois, os abandonais. Pensais que gatos amam, mas gatos não amam; eles negociam: “tu me dás um lar e eu te dou a honra de minha companhia”. Pensais que o mundo gira ao redor de vossas necessidades e esqueceis-vos de necessidades dos menos favorecidos. Ignorais moradores de rua e crianças que nelas vivem. Depois, quando elas crescem sem futuro e vos roubam, gritais por segurança. Mas ninguém se importou ou pediu segurança para aquela criança que hoje vos rouba.

Unis-vos em milhares de bandos em festas no seu reino, mas não conseguis unir esse mesmo bando para exigirdes de vossos governantes vossos direitos e direitos dos menos favorecidos e daqueles que não fazem parte de vossa sociedade, como nós, os “animais irracionais”.

É preciso refletir e decidir o que realmente quereis para o futuro do vosso reino. E que Planeta deixareis para vossos descendentes.

Ora, eu sou o último e não vivo como se o fosse. Não fui o Rei perfeito, mas, quando fomos resgatados pelo biólogo, dei chance a meus irmãos para decidirem qual caminho tomar, já que, ao descerem do Morro da Urca, perderiam o encanto de falarem e se comunicarem com humanos. Eles escolheram seguir a mim, minha família e os Guardiões até a reserva onde militares nos deram a chance de vivermos até nossos últimos dias neste Planeta.

Então, o que gostaria de dizer a vós é: não vivais como se fosseis os últimos. Vivais como aquele que podem mudar a história de vosso reino e deixar um futuro para os diferentes e os iguais habitarem este Planeta com harmonia, respeitando espaços um dos outros.

Não penseis que sou um tigre de estimação da reserva onde moro. Ainda sou o Rei e quero que vós sabei que ai daquele que tentar invadir nosso Reino. Sim “nosso”: meu e de vós, humanos. Ainda sou Rei do Morro da Urca e do Pão de Açúcar. E se alguém ousar nos afrontar, sabei que a Natureza estará pronta para, ao meu sinal, se rebelar e provar que neste reino vivem os iguais e os diferentes e que ninguém tem direito de invadir nosso território.

Como tigre, peço à Natureza que inspire os humanos a pensar em forma de nos proteger. Assim como nós, que também temos função de proteger tudo o que a natureza nos ofereceu. Como rei deste Reino, peço à Natureza que seja complacente com os ignorantes e implacável com aqueles que a invadem, sujam e roubam seus tesouros: arvores, plantas e animais.

E, por fim, como Rei do Morro da Urca e do Morro do Pão de Açúcar, peço aos humanos que se unam e protejam uns aos outros. Sejam mais generosos e tenham em mente que, ao proteger este reino, aprenderão a respeitar os iguais e os diferentes.

Que a natureza esteja convosco e que aprendei a conviver com ela, respeitando-a e protegendo-a.

Rei Noyer

quinta-feira, 31 de março de 2016

Blog de Divulgação do Livro "O Menino do Pão de Açúcar"


Olá, meu nome é Elaine Paiva. Sou escritora e lancei em 2005 o livro, O Segredo da Sra Greey que atualmente já está liberado para o público.

Neste ano de 2016 resolvi me aventurar mais uma vez com um novo conto intitulado, O Menino do Pão de Açúcar.

Sobre o Projeto:
A ideia do livro “O Menino do Pão de Açúcar” é tornar possível uma reflexão sobre a falta de acompanhamento do Estado em relação ao problema de crianças usadas por seus pais e/ou outros adultos para cometerem pequenos delitos. E também sobre o comportamento da sociedade que continua a considerar que o problema dos moradores de rua são de exclusiva competência do Estado. Na verdade, é um problema de todos nós que temos o dever de defender aqueles que não tem voz.

Embora o livro tenha fábula, esta obra não é recomendada para menores de 12 anos, pois em determinado ponto de vista da autora, a narração é muito difícil para uma criança entender. De qualquer forma, eu e meu editor estamos pensando em deixar uma parte interativa no próprio site.

Sejam Bem-vindos e aguardem a mensagem do Rei do Morro da Urca e do Pão de Açúcar. Este trecho faz parte do 12º capítulo do livro.